Impacto da pandemia no Agronegócio.
A pandemia causada pelo Novo Coronavírus representou uma ruptura gigantesca para vários assuntos no cenário internacional, o progresso econômico do mundo regrediu e muitas políticas foram mudadas com o intuito de tentar mitigar o efeito da doença nos países. Situações rotineiras como ir ao mercado precisaram ser adaptadas ao que chamamos de ‘novo normal’. Nesse sentido diversos setores da economia nacional sofreram perdas consideráveis no seu volume de produção e consumo e estão trabalhando em novas ideias que possam suprir o prejuízo provocado pela pandemia. Em vista disso, é necessário entender quais foram os impactos causados no setor do agronegócio, como a produção de commodities foi afetada e quais são os novos critérios fitossanitários em relação a comercialização desse tipo de mercadoria.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil as exportações brasileiras caíram 0,3% no primeiro trimestre de 2020, porém é importante lembrar que no primeiro trimestre do ano a COVID-19, doença provocada a partir da infecção do Novo Coronavírus, ainda não estava em seu período mais intenso aqui no país, por isso essa pequena diferença percentual na comparação com o ano anterior. Investigando mais a fundo podemos observar que, pelo fato de o agronegócio representar uma parcela considerável do PIB brasileiro, cerca de 20%, a desaceleração do setor agrícola está intrinsecamente relacionada com as previsões de retração do PIB bruto brasileiro que no segundo semestre, já no auge da pandemia, chegou a retrair 9,7%.
Segundo relatório organizado pela PWC, o setor agropecuário do Brasil se divide em três etapas: antes da porteira, dentro da porteira e depois da porteira. Essa dinâmica funciona a partir da lógica de elaboração, produção e comercialização, e justamente por ser um setor altamente interligado a agropecuária precisa ter muito cuidado ao lidar com momentos de crise. Dito isso, a crise causada pelo Coronavírus no agronegócio se divide em quatro aspectos: oferta, demanda, custos e receitas.
As disrupções causadas na cadeia de suprimento por conta das políticas de isolamento impactaram os abastecimentos de alguns postos comerciais, além disso como muitas nações se fecharam para importações houve uma grande perda de volume comercial para setor de exportação também. A atual crise também teve impactos diretos no bolso do consumidor e mesmo com incentivos oferecidos pelo governo como o Auxílio Emergencial o poder aquisitivo da população em geral diminuiu drasticamente, já que a pandemia colaborou também com o aumento no número de desempregados. Portanto, o agronegócio também enfrenta uma crise de demanda.
O impacto nos custos também possui aspecto positivo, visto que a crise internacional nos preços de petróleo colaborara com a diminuição dos custos logísticos, sendo assim o preço do diesel decaiu e barateou o transporte feito majoritariamente por caminhões, facilitando o processo de distribuição e escoamento dos produtos. No entanto, a desvalorização do real perante o sistema financeiro internacional provocou um aumento de custos na compra de produtos químicos (fertilizantes, agrotóxicos etc.), as novas medidas sanitárias exigidas pelo sistema internacional para comercialização de produtos também sofreram alterações que interferem diretamente nos custos dessas operações.
Um fato que perpassa a população é a alta da inflação do Brasil, e normalmente esse fenômeno mesmo sendo um acontecimento natural da política macroeconômica é julgado como algo trágico. Porém a inflação possui seus lados positivos; por exemplo produtos brasileiros que possuem alta taxa de importação tiveram alterações nos seus custos, ou seja, ficaram mais caros, exatamente por conta da desvalorização do Real perante o Dólar; fazendo com que as receitas do país provenientes do setor agropecuário tenham maior arrecadação do que em outros períodos. Produtos como café, soja e algodão deverão ser protagonistas de arrecadação do governo nos próximos meses. Contudo, apesar de ser uma boa notícia, ainda assim, é quase insignificante se considerarmos o tamanho da crise socioeconômica interna do país.
Recentemente um novo termo passou a ser utilizado para se referir aos desdobramentos da sociedade que nos cerca, utilizamos a sigla VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo em inglês) para basearmos nossas estratégias e mitigarmos o impacto dos danos nos nossos negócios, e no setor agropecuário isso não é diferente dado que a volatilidade e a incerteza da pandemia impactaram de forma profunda até mesmo a forma da população em consumir produtos agropecuários.
Fontes: CanalRural; PWC; Sebrae.
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Texto produzido por Arthur Martz, graduando de Relações Internacionais, na Universidade São Judas Tadeu.