O Setor Hoteleiro sob o enfrentamento à crise do Coronavírus.

As medidas de isolamento social impediram a mobilidade humana, em decorrência do novo coronavírus. Por esse motivo, os setores que dependem dessa mobilidade foram os mais afetados, como o setor de turismo, que possui como um dos seus braços principais o setor hoteleiro. Estudos realizados pela United Nations World Tourism Organization (UNWTO)  demonstraram que, os fluxos internacionais de turistas podem apresentar uma queda de 22% no ano de 2020, como também deverão decrescer entre 20% a 30% nas receitas geradas no setor.

Como citado na Revista Hotéis, estudos mercadológicos no início desse ano apontavam um período promissor para o setor, que já vinha de uma recessão econômica. Entretanto, a crise sanitária mundial paralisou a economia, atingindo drasticamente os segmentos de atividades econômicas vinculados à migrações. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Norte (ABIH-RN), José Odécio, diz que 2020 se tornou um ano perdido: “A gente depende muito do turista de fora, e ele não vai começar a viajar tão cedo. O varejo, por exemplo, está com os estoques cheios, quando o retorno for autorizado, já passarão a vender sem delongas. Já o Turismo ainda vai depender da programação das férias”.

Portanto, foram apresentadas algumas medidas de incentivo para que o setor hoteleiro retorne suas atividades; a iniciativa proposta pela Priscila Bestes, criadora da Circuito Elegante, que há 17 anos certifica hotéis com alto padrão de qualidade, busca reconquistar a confiança dos hospedes através do selo Safe & Clean, que avalia se os hotéis estão seguindo as normas de higienização para prevenir a transmissão do novo coronavírus.

ESTUDO REALIZADO

O estudo feito pela Alpha International Jr. visou realizar um breve levantamento sobre pequenas e médias empresas inseridas no setor de hotelaria, com o intuito de diagnosticar problemas para o enfrentamento à crise oriunda da pandemia. Foram entrevistados 9 representantes de hotéis localizados em São Paulo, que responderam à 10 perguntas sob a métrica de notas de 1 a 5, sendo 1 para baixo impacto e 5 para alto impacto, com a finalidade de medir as consequências repercutidas no setor.

Todos os entrevistados expuseram dificuldades em relação a permanência e remuneração de funcionários. Foram amplamente adotadas medidas relacionadas à redução da jornada de trabalho, redução de salários, afastamento de colaboradores e outorgamento de férias: o entrevistado 7 disse ter reduzido de 10% a 15% seus funcionários; já o entrevistado 2 mencionou que o auxílio emergencial liberado pelo governo foi uma estratégia utilizada para evitar a demissão de seus funcionários, possibilitando mantê-los empregados com remuneração reduzida; o entrevistado 6 assumiu que também solicitou o auxílio cedido pelo governo.

Com base no estudo, foi identificado a dificuldade de adaptação às novas normas de higienização impostas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e Ministério da Saúde, pois os protocolos possuem alto padrão de rigidez e custos elevados: o entrevistado 3 e o entrevistado 6 mencionaram os gastos adicionais referentes ao cumprimento dessas medidas sanitárias, tanto na aquisição de produtos quanto na inutilização dos quartos por um período de 3 dias após a saída do hóspede. De acordo, com o entrevistado 9, um fator observado como obstáculo foi o descumprimento dos protocolos por parte dos visitantes que, de forma recorrente, transitam sem o uso integral da máscara.

A maior dificuldade relatada desdobra na insegurança ao pós-pandemia, que é a redução de hóspedes, diretamente ligada ao lucro do negócio. O entrevistado 7 contou que, devido à sua localização próxima ao Terminal Rodoviário Tietê, depende inteiramente do fluxo de trabalhadores em migração pendular, assim como a movimentação da área comercial em torno da região. O entrevistado 2 relatou que a média diária de hóspedes era de aproximadamente 26 pessoas e passou a ser de 5 hóspedes, expondo uma drástica queda de clientes. Outros elementos citados pelos entrevistados foram os obstáculos sobre o pagamento de contas como as de água e luz, junto às dívidas com seus fornecedores.

O estudo demonstra a insuficiência em relação à resiliência do setor; a média geral da nota cedida pelos entrevistados nesse quesito foi de 4,5, o que revela a dificuldade de se manterem visíveis durante esse período de pandemia, além de se depararem com ausência de oportunidades para superação da crise.

Texto produzido por Laura G. Sannomiya e Stefanie Altimare, graduandas de Relações Internacionais, na Universidade São Judas Tadeu.