Metas inflacionarias durante a pandemia.
Em junho de 1999, o Brasil adotou o Sistema de Metas para Inflação (SMI) como regime monetário. A essência desse regime monetário é controlar a inflação para que ela não fique entre os extremos (hiperinflação e deflação), optando por guiar as expectativas dos agentes econômicos e determinar um preço compatível. Os modelos do Banco Central Brasileiro recomendam que, quando a inflação, ou as expectativas futuras de inflação saem da meta (para cima), o Banco Central deve aumentar a taxa de juros de modo a esfriar a demanda. Quando saem da meta (para baixo), o Banco Central deve reduzir a taxa de juros, para estimular a demanda, sendo assim, é um mecanismo muito importante para controlar a inflação.
Esse ano, a meta diminuiu para 3,75% com o intervalo de 2,25% e 5,25%, que seria o limite para a inflação. Caso a inflação ao final do ano for fora do intervalo de tolerância, a economia fica instável, como ocorreu no ano anterior com a deflação, quando o governo atingiu o limite dela, porém ao contrário que muitos acreditam, isso não foi bom para economia, pois do mesmo jeito que a hiperinflação é ruim, a deflação também. Ano passado, com o começo da pandemia, alguns produtos e serviços tiveram seus preços diminuídos. Entretanto, no ano de 2020, chegamos em 1,88%, isso ocorreu pela demanda ser insuficiente, já que as pessoas estão perdendo renda e emprego.
Por decorrência disso houve a redução do preço dos combustíveis, em especial a gasolina, devido à diminuição dos preços internacionais do petróleo e da demanda interna, que mais do que compensou o aumento do preço dos alimentos domiciliares; por consequência da maior procura influenciada pelo isolamento social. Ao analisarmos as infrações em categorias, a categoria alimentos atingiu seu limite de inflação, por isso teve a elevação de preços alimentícios.
Banco Central, 2020. Metas inflacionárias de maio de 2020. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/metainflacao . Acesso 10 maio de 2021.
De maneira geral, esse resultado também representa a grande queda na atividade econômica provocada pela pandemia, que levou à redução da renda e à elevação do desemprego, transformando o consumidor mais cuidadoso. Só nos 4 primeiros meses da pandemia, na cidade de São Paulo, 20 mil lojas foram à falência, devido a ausência de medidas que fomentem a permanência das lojas.
Quando a inflação estava muito baixa, em abril de 2020, o Banco Central optou por baixar a taxa de juros para tentar estabilizar a economia, mas durante a última reunião do comitê de política monetária, por conta do momento crítico, com a meta muito abaixo do esperado (1,88%), frear as taxas, para que não houvesse retirada do capital da economia brasileira, isso poderia fazer com que o câmbio disparasse e levando a quebra de empresas, como o em 1929, com a grande depressão e 2008 com a crise de bovespa. Esse foi um dos impulsionadores para que o Banco Central diminuísse o valor da meta inflacionária de 4% para 3,75%, pois a deflação virou algo comum no Brasil com a pandemia.
Em março de 2021, a inflação acelerou, chegando a 6,10% em 12 meses, superando o teto da meta para o ano. Os principais impactos foram nos aumentos dos preços dos combustíveis (11,23%) e do gás de botijão (4,98%), evento que não ocorria há 4 anos. A pandemia levou o Brasil para os dois limites da meta, sendo em 2020 a deflação, e agora, 2021 a hiperinflação, tornando a economia brasileira instável e imprevisível.
Por consequência da instabilidade e desconfiança dos investidores estrangeiros, faz com o dólar aumente, desvalorizando ainda mais o real. Por conta disso, a exportação de produtos permanece mais baixa, logo, outros países, que desejam aproveitar a redução de preço, começam a elevar o número de compras dos produtos brasileiros, ou seja, se mais produtos são comprados pelo exterior, faltam produtos para o consumo interno, fazendo com os valores do produtos nacionais aumente como alimentos, causando um efeito dominó.
Banco Central, 2021. Metas inflacionárias de março de 2021 Disponível em: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/metainflacao . Acesso 10 maio de 2021.
Fontes: BCB , FolhaDeLondrina, Globo, Organizze, UOL, BBC.
Texto produzido por Isabella Conson, graduanda de Relações Internacionais, na Universidade São Judas Tadeu.